Intensas: ‘Persistir vale a pena’, diz Janete Toigo, superintendente do Hospital São Carlos

O Portal Leouve dá início nesta segunda-feira (01) a série de reportagens “Intensas”, que vai contar histórias inspiradoras de mulheres que fazem a diferença na sociedade da Serra Gaúcha, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, […]


Publicado por Adriano Padilha

há 3 anos atrás

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O Portal Leouve dá início nesta segunda-feira (01) a série de reportagens “Intensas”, que vai contar histórias inspiradoras de mulheres que fazem a diferença na sociedade da Serra Gaúcha, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, lembrado no dia 08 de março.

O primeiro perfil a ser apresentado é o de Janete de Fátima Toigo D’agostini, de 59 anos, atualmente superintendente do Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha, mas que tem uma trajetória de mais de 35 anos de dedicação à saúde pela região. Nascida em 1962, em Caxias do Sul, Janete cresceu em uma família pequena, com os pais e um irmão.

Ela se autointitula uma pessoa intensa em tudo que faz, devido a sua dedicação. Na infância, ela conta que já brincava de brincadeiras sérias, como bancos, consultórios de odontologia, escritório e… de hospitais.

Viúva há 22 anos, casou-se novamente e não tem filhos. Segundo ela, por opção, decidiu sempre dedicar-se aos estudos e aos trabalho. Sobre isso, Janete comenta que nunca foi um problema, já que ela vem de uma família de poucas pessoas, e que com o falecimento de seu irmão, ela considera as suas duas sobrinhas, que na época da morte dele tinham 3 meses e 2 anos, as filhas do coração.

Formada em Comunicação Social, tem pós graduações em Administração Hospitalar, Administração Hospitalar e Ciências da Saúde e Auditoria em Saúde, entre outras. Começou a tralhar no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul e tem passagens por outras instituições de saúde na cidade e em São Francisco de Paula, além do São Carlos, onde chegou em 2004.

Ela contou como foi sua chegada à Farroupilha.

“Eu recebi uma ligação, isso foi lá em 2004, na minha primeira estada no São Carlos. Eu saí do Hospital Medianeira e recebi a ligação de uma agência de empregos perguntando se eu não queria deixar meu currículo com eles. Eu não tinha deixado pra ninguém, mas aceitei. Dois dias depois recebi o chamado para vir para uma entrevista aqui. Aceitei e fiz a entrevista. Na época, o prefeito era o Bolívar Pasqual, tinha o Sr. Antônio Dota, o Sr Itacir Sebben, que era nosso presidente, o Sr, Adelino Colombo… todas essas pessoas eram do Conselho Administrativo, e eu cheguei para essa reunião e não conhecia ninguém. Foi desafiador. Fiz a entrevista e no dia seguinte tive o retorno positivo para começar a trabalhar aqui”, disse.

Ela ficou à frente da instituição até 2008, quando saiu e foi para o Hospital Vivi Ramos, até 2016, e após em São Francisco de Paula, onde ficou 11 meses e foi convidada a voltar para Farroupilha. Chegou em março de 2017, no pior momento do São Carlos. Encontrou um local endividado, com diversos problemas, e às margens de fechar as portas. Janete contou que, inclusive, houve uma reunião do Conselho Administrativo para que se levantasse os documentos necessários para o fechamento.

Com uma situação de sucateamento da estrutura, começou o que ela chamou de verdadeiro milagre para salvar o hospital. Ela disse que a ajuda da comunidade, em especial de duas empresárias que pediram anonimato, foi possível dar a volta por cima. Hoje, apesar de ainda haver dívidas, o São Carlos se tornou uma referência no atendimento de Alta Complexidade e de Urgência e Emergência para toda a Serra Gaúcha.

Janete conta que ser mulher não foi um problema no momento mais difícil da casa de saúde. Ela alega que a sua força de vontade e sua persistência foi o que fez ela se manter firme e poder analisar a situação com frieza para encontrar uma solução mesmo à frente de fornecedores que evitavam a venda de produtos para o São Carlos, a  comunidade e um descrédito do hospital.

Ao longo destes 35 anos, Janete diz que teve muitas alegrias, mas nem tudo são flores. Trabalhar em um hospital é conviver com os momentos de dor e de perca de pessoas. Ela comentou sobre como é separar o lado profissional do lado humano e pessoal.

“A gente não consegue separar. Nesses 35 anos, a gente tem que ficar resistente, firme, porque estamos no comando. Mas a gente fica cada vez mais sensível. A gente tenta separar, eu tento chegar em casa e separar, mas não é fácil, porque não sai da cabeça. Eu me recordo de muitas famílias que saem do hospital agradecendo, mesmo sendo o hospital um lugar de dor. Mas ao mesmo tempo, tem coisas que a gente não consegue separar e não saí da nossa memória”, disse.

Emocionada, ela relembrou alguns destes casos.

“Teve um caso recente de uma moça que chegou e ia ganhar seu bebê, e ele já estava morto. O desespero dela foi tanto que eu não consigo esquecer até hoje. Assim como não consigo esquecer quando eu estava em outro hospital e chegou uma criança, vítima de violência doméstica. Era inverno, ela chegou com os policiais, uma criança de uns quatro aninhos, levou um golpe de facão na cabeça. Quando ele chegou, eu me ajoelhei na frente dele e abracei a criança, porque eu não sabia o que fazer. A criança tremia tanto, imagina o trauma dela? Não tem como separar”.

Sobre o papel das mulheres na sociedade, Janete diz que as mulheres procuram estar em uma posição de poder, que isso está na natureza delas desenvolver essas aptidões e capacidades que elas tem. Para ela, apesar de um passado pesado, em que a mulher não podia nem votar, o atual momento é favorável, já que elas tem condições de ocupar todo e qualquer lugar que almejar.

Como recado final, Janete disse que todas as mulheres devem ter persistência e humildade para que se construa uma sociedade melhor. Para ela, persistir vale a pena.

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Por Adriano Padilha

há 3 anos atrás

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