“A comida era pouca. E quando vinha, era azeda”, relata nordestino cooptado para trabalhar em Bento Gonçalves

Trabalhador estava na cidade desde o final de janeiro


Publicado por siteviva

há 2 anos atrás

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“A comida era pouca. E quando vinha, era azeda”, relata nordestino cooptado para trabalhar em Bento Gonçalves

“A gente saía às 4h, voltava à 1h e às 4h já estavam batendo na porta de novo.” Flávio Andrade (nome fictício), um homem negro de Salvador (BA), chegou em Bento Gonçalves no final de janeiro. O objetivo era juntar algum dinheiro e se mudar para uma kitnet em São Paulo. Recebeu proposta para atuar na safra da uva, recebendo bom dinheiro, alimentação e moradia. Acabou como uma das quase 200 pessoas contratadas para trabalhar na safra da uva e que foram encontradas em condições análogas à escravidão durante ação da Polícia Federal junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) na noite desta quarta-feira (22). O proprietário da empresa foi preso.

Flávio tem dois filhos. Conta que é a segunda vez que vem a Bento Gonçalves para trabalhar e a segunda vez em que é colocado em condições degradantes. “A comida era pouca. E quando vinha, era azeda. Muita bagunça, muita sujeira. Tem gente aqui há dois meses que ainda não recebeu um real. O trabalho em si não era pesado, mas era por muitas horas.”

O relato corrobora com o cheiro fétido dos quartos minúsculos onde os trabalhadores, a grande maioria vinda da Bahia, eram alojados. Paredes imundas, camas despedaçadas, iluminação precária, ventilação que não era suficiente. Violência física, falta de pagamento, ameaças constantes. Mesmo os policiais federais que vasculharam o local sofriam com a ânsia de vômito a cada armário aberto que se revelava mais um quarto de 2mx3m sem janela em que ficavam alojadas duas pessoas.

Flávio diz não entender porque as pessoas fizeram o que fizeram. “Pessoas com dinheiro. O pior é a ilusão. Nos prometerem algo e no fim não ser nada disso. Mas eu já sabia que poderia ser assim porque já tinha passado situação semelhante da outra vez. Eu não quero voltar para a Bahia, mas é muito triste a gente ter que passar por isso porque precisa trabalhar.”

A esperança de Flávio mora na investigação que o MTE fará a partir de agora, para desvendar quem comandava o trabalho, considerado análogo à escravidão. Quer conseguir, enfim, um trabalho que o trate com dignidade.

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